Fevereiro Laranja é o mês de
alerta para o combate e tratamento da leucemia, doença hematológica conhecida
como o câncer do sangue, onde a cura do paciente ocorre, na grande parte dos
casos, por meio do transplante de medula óssea. Para isso, no entanto, é
necessário aumentar o cadastro de doadores, cujo número atual corresponde a 64.613
alagoanos inscritos, conforme dados do Hemocentro de Alagoas (Hemoal),
responsável no Estado pela captação dos voluntários.
Para se cadastrar como doador voluntário de medula óssea é necessário estar
em boas condições de saúde, ter entre 18 e 35 anos de idade, e se dirigir até
uma unidade do Hemoal, seja em Arapiraca ou Maceió, portando documentos como
CPF ou RG, além de um comprovante de residência. Ao chegar ao posto de
cadastro, o voluntário vai preencher um formulário e fazer a doação de 5 ml de
sangue, cuja amostra será submetida a um exame laboratorial para obter o código
genético.
Com o código genético, será realizado um cruzamento com os dados do
Cadastro de Receptores de Medula Óssea (Rereme), para verificar se o voluntário
é compatível com algum dos pacientes que necessitam de uma doação de medula
óssea para curar a leucemia. Se o voluntário que se cadastrou for compatível
geneticamente com um receptor, ou seja, com um paciente que precisa do
transplante de medula óssea, ele passará por exames complementares e o
procedimento será realizado.
A doação de medula óssea consiste em uma punção na medula óssea, que não
deve ser confundida jamais com a coluna vertebral, conforme explica a médica
hematologista do Hemoal, Verônica Guedes. “Por meio deste procedimento, é
retirada uma quantidade de um líquido esponjoso, que será utilizado para ser
transplantado em um paciente portador de leucemia. Após 48 horas, o voluntário
já poderá retomar as suas atividades normais, uma vez que o procedimento é
considerado simples”, ressalta a especialista.
Verônica Guedes enfatiza que, devido à miscigenação brasileira, para
cada 100 mil pessoas cadastradas, apenas uma terá a medula óssea compatível com
um receptor. “Por esta razão, quanto mais alagoanos tivermos cadastros no
Registro Nacional dos Doadores de Medula Óssea, maiores serão as chances de
encontrarmos pessoas compatíveis com os pacientes acometidos por leucemia e que
estão na fila de espera aguardando por um transplante de medula óssea”, frisa a
médica hematologista do Hemoal.
Exemplo
Raphael de Oliveira, de 33 anos, é um dos mais de 64 mil alagoanos
cadastrados no Hemoal como doador de medula óssea. Mas, além de ser cadastrado,
ele já foi compatível com um receptor, ou seja, uma paciente chamada Alice, que
reside em Foz do Iguaçu, no Paraná, e que precisava do transplante de medula
óssea, que ocorreu em 2021, quando a doação foi efetivada.
“Há mais de 15 anos sou doador voluntário de sangue e, seguindo o
exemplo do meu pai, me cadastrei também para ser doador de medula óssea. Em
2021 me convocaram para fazer exames de compatibilidade. Fiz os exames e comprovou-se
a compatibilidade. A doação foi feita, ela recebeu o transplante e está cheia
de vida”, relata Rafael Oliveira, que, depois de salvar a vida de Alice, leva
uma vida normal em Maceió.
Beneficiada
Entre os alagoanos que já foram beneficiados por um transplante de
medula óssea está a adolescente Melissa Luna, 12 anos, diagnosticada com
Leucemia Linfóide Aguda, em dezembro de 2023. Segundo a mãe da adolescente,
Josiane Luna, a notícia foi devastadora para ela e toda a família, por saber
que a filha estava com câncer e que a cura só ocorreria por meio do
transplante.
“A sensação era de que o mundo estava desabando em nossos pés. Como
Melissa não tem irmãos, iniciamos uma campanha para encontrar um doador de
medula óssea compatível. Fomos agraciados com uma doara de apenas de 20 anos,
residente no Canadá, que mesmo sem nos conhecer, não hesitou em dizer sim e, em
junho do ano passado, Melissa foi submetida ao transplante, possibilitando que
hoje esteja bem de saúde, mostrando que cada pessoa pode se cadastrar como
doador e salvar uma ou mais vidas”, frisou Josiane Luna.